A revolução do streaming no mercado audiovisual brasileiro

Pedro Henrique Oliveira
3 min readJun 4, 2021

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A chegada de novos serviços de streaming, como Disney+ e HBO Max, marca uma grande virada na produção audiovisual brasileira. Antes limitado à realização de novelas e poucas séries e minisséries, o mercado vive agora um boom de produções com diferentes formatos. Essa transformação tem sido vista há alguns anos, desde que a Netflix, maior empresa de streaming do mundo, decidiu investir pesado em talentos nacionais. O Prime Video, da Amazon, seguiu o mesmo caminho, ainda que de forma mais tímida, com algumas parcerias em realities, mas promete uma grande investida a partir deste ano.

A proposta não é por acaso, já que o Brasil figura como um dos maiores mercados em número de assinantes para a Netflix — estima-se um total de 17 milhões, de acordo com pesquisa divulgada no ano passado pela Bernstein Research. A visão é a mesma das empresas já estabelecidas e das recém-chegadas. O país tem um grande potencial e é peça-chave para o crescimento de qualquer serviço em escala global. O caminho tomado pelas gigantes estrangeiras também fez com que a Globo, maior empresa de mídia nacional, aumentasse sua carga de produção, valorizando os formatos até então pouco explorados por ela. O Globoplay hoje se coloca como um dos braços mais importantes do grupo e é o carro-chefe para criação de novas produções.

Os planos ainda não se tornaram definitivamente uma realidade — a pandemia tratou de adiar muitos projetos já desenhados e prontos para serem colocados em prática. No entanto, os anúncios de novas produções nacionais são um importante incentivo para profissionais e empresas da área e, claro, para os assinantes ávidos por novos conteúdos. A mudança já pode ser vista na presença constante de atores e atrizes consagrados em diversas produções da Netflix e Prime Video, principalmente. Trata-se de uma revolução, não só na tecnologia e na forma de consumir entretenimento, mas também na consolidação de uma cultura de produção da qual o Brasil não está tão habituado.

Bola na Rede

O desembarque de novos players no mercado nacional acirra também uma disputa por outro objeto valioso para as TVs e para o público brasileiro: o esporte. O Globoplay saiu na frente ao oferecer um plano que contempla o assinante com os canais SporTV ao vivo e irá oferecer uma extensa cobertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio dentro da plataforma. Anunciado para o fim de junho, o HBO Max já divulgou que a Liga dos Campeões da UEFA, maior torneio de clubes do mundo, será um de seus principais produtos. Da mesma forma, a Disney promete que todo o conteúdo dos canais ESPN e Fox Sports, incluindo a Conmebol Libertadores e o Campeonato Inglês, estará presente na sua nova aposta, o Star+, que chega em agosto tendo como alvo principal o público mais adulto. Tal investimento tem tudo para embaralhar ainda mais a disputa por direitos esportivos, que ultimamente tem sido bastante movimentada.

Resta-nos somente torcer para que sejam cada vez maiores os investimentos no audiovisual brasileiro, o que irá resultar na geração de empregos e na formação de uma cultura de entretenimento que tenha mais a nossa cara e retrate melhor a nossa identidade através de conteúdos de qualidade.

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